Ó Mãe-Natureza, por que fez criaturas tão belas nessa terra?
Não quero mais ir embora
Me deixa ficar do lado de alguma delas
Eu sei que sou seu, mas tenta me deixar voar
Prometo que não vou longe, não precisa se preocupar
O caminho de casa eu já tive que decorar
Plantei um rastro de flores, pra nunca mais me perder
Sinto o cheiro do seu vento, mandado pra me atordoar
Os homens estão frios, as mulheres quentes demais
O Sol já não esquenta, a Lua é quem traz a paz
Os lobos da matilha vão tomar esse castelo
Cuidado Leão, convoque o seu nobre clero
Eu sei que tu se nublas, quando me escuta chorar
E se eu disfarço, você fica satisfeita
Por favor me diga, quando isso vai acabar
O mundo lá fora, tá me chamando pra brincar
Queimaram as matas, mentiram na televisão
Compraram os índios, trouxeram religião
Escravizaram os negros, minha fúria cresce desde então
Mas só a arte salva, prometo não vai ser em vão
Todos vão pagar, ou então vão morrer tentando
Agora sinto o teu ódio, ele tá me contaminando
Tente ficar calma, resista à essa dor
Os humanos não são tão maus, estão todos traumatizados
Sei que seus vulcões, então querendo cuspir fogo
E o fundo do mar, tá querendo regurgitar
Espera mais um pouco, talvez haja uma solução
Se eles perceberem, que o mundo está em suas mãos
Ó Mãe-Natureza, me diz por que que tu choras
Só parei de chorar pra não incomodar a senhora
Eles te machucaram, a ponto de você surtar
Estão te afrontando, isso não posso tolerar
Por que logo você? Que sempre deu cola a todos
Te subestimaram, e gastaram todo o seu fogo
Se tu se revoltar, o Amor também vai embora
Tenta respirar, entenda, a paz vem mas demora
Conversa comigo, sou seu fiel protetor
Já te estudei muito, aqui não cabe mais rancor
Tu quer reconstruir, e antes quer acabar com tudo
Mas tenho uma ideia, que talvez salve o mundo
Ressignificar, analisar o que foi escrito
Não precisa matar, é só ensinar o cupido
Tem que ser devagar, pra que não caiam tantos corpos
Porque se o Sol surtar, nós já estamos todos mortos
Essa vida é linda, foi você mesma quem moldou
Perdoe seus filhos, eles nem sabem o que são
Os viajantes do tempo, concluíram sua missão
Se atingirmos a paz, capaz que eles nem voltarão
E tudo se encaixa, como um grande quebra-cabeça
Mas incrivelmente, sobraram algumas peças
Frutos de mentiras, ilusões e paranoias
Não tem como apagar, o que a gente faz agora?
Nunca foi loucura, mas são taxados de loucos
E são esquecidos, pelas dimensões mais justas
Mas que justiça é essa, que ignora incapacitados
Dentro dessa nova era, existe algo muito errado
Será que os gigantes, não devem trampar lá embaixo?
E será que os pequenos, não precisam ser exaltados?
Será que a base, não merece conhecimento?
E será que o topo, é tudo isso que dizem mesmo?
Eu tenho muitas dúvidas, sempre bom falar contigo
Eu tenho que ir embora, depois eu vejo se te ligo
Eu ando meio sem crédito, ninguém aqui me valoriza
Mas eu continuo tentando, botar teu bloco na avenida
Ó Mãe-Natureza, obrigado por me escutar
Eu só consigo o descanso quando te escuto respirar
Por você não me mato, por você tento de novo
Até que não exista maldade dentro do povo