Eu tô fabricando as mais belas artes
Na tentativa de virar um covarde
Pra que eu não seja só mais um mártir
E me apodreça com a fúria de Marte
A pedra rebola nesse meu dedo
A planta dança se eu faço o enredo
Espírito Santo que me alivia
O beijo da morte se tornou meu guia
Nesse desabafo eu desmonto meu ego
Contrato demônios que martelam pregos
Minha mão tá fedendo à tinta acrílica
As palavras morrem dentro da basílica
Pra que essa vida se torne mais linda
Sem se entorpecer daquela falsa sina
Que me imputava a destruição
Eu aguardo você vir me pedir perdão
Mas aguardo correndo na Era de Peixes
Piranhas nunca vão dizer o que sentem
Estão preocupadas com os tubarões
Procurando atrito e outras confusões
Pois não perceberam o fim desse zodíaco
São os causadores do aperto cardíaco
Da luz que a todos tentou carregar
E desistiu pra não mais salivar
Em vão por amigos que acham que peitam
Eu deixo peitarem pois não mais se queixam
De ter machucado a solução da era
Que hoje só canta pra quem se enterra
Eu amo as putas que sempre se entregam
Se eu pudesse eu me entregava pra todas
Eu amo os ladrões que nunca se entregam
Se eu pudesse eu me entregava por todos
Mas não posso ser aquilo que eu não sou
Eu nunca consegui falsificar um flow
Meu grande presente foi ganhar coragem
Minha grande dor foi perder a miragem
Já consigo sorrir com os nobres encontros
Das almas que nunca desistem de mim
Intercalam corpos mas nunca se cansam
Pois acreditam que não vou ter um fim
Pelo menos não cedo é o que elas proclamam
Coração palpita quando o verbo chama
Um coração por vez é tudo que eu peço
Já que percebo tudo eu não mais me apresso
Eu venho sonhando com as mais loucas naves
Prazeres antigos batem na garagem
Capotei na curva de uma escultura
Hoje eu me pergunto se a santa é pura
A pedra carrega com a luz do vento
A planta se molha no meu desespero
Maldita agonia que se vitimiza
Na hipocrisia da hipergamia
Nesse desabafo eu desmonto teu clero
Se protege Leão eu tô falando sério
Não tem quem resista à morte em vida
Esse cheiro de medo percorre a avenida
Que dá na colina da perdição
Que dá na raiz da tua tentação
Que dá na memória do exorcismo
Tu se arrependerás de perder um amigo
Que sempre sentiu o que tu precisava
Te dava tudo aquilo que tu pedia
Gastava da conta que ainda não tinha
Achando que tu dominava a magia
Mas o sangue de bruxa nem vem de você
Quem cê acha que fez tudo isso acontecer
O teu equilíbrio gera ilusão
O meu equilíbrio traz libertação
Aproveita a ditadura que tu provocou
A corrente da inveja você que girou
Mentiu pra todas as suas almas gêmeas
E surta quando alguém te fala meu nome
Acha que tem tudo na palma da mão
Normal pra quem nasceu dentro do carnaval
Cuidado que peixe morre pela boca
E tu brinca com o fardo de ser imortal
Eu nem ligo pra minha imagem mais
Cê se esforça tanto pra foder minha paz
Que se aliou até aos meus rivais
Tenta ficar sóbria pra tu ver quem cai